
Os crossovers recentes de Tomb Raider têm causado um certo
incômodo em nossa comunidade, é verdade, mas, ao contrário dessa parcela vocal
de fãs, eu os enxergo como novas oportunidades para desfrutar mais tempo ao
lado da única razão de meu viver. E não, eu não sou o tipo de pessoa que
amaria qualquer coisa desde que estampasse o logotipo da franquia: já
expressei repetidas vezes meu desprezo pelo questionável Angel of Darkness, por exemplo.
Minha jornada por todos esses universos paralelos está registrada, quase que
na íntegra, aqui no blog Raider Daze. Em alguns dos casos, ou o
conteúdo ou o jogo por si não me apetece, portanto minha cobertura sobre
alguns dos crossovers foi mínima, mas eu jamais recusaria uma sempre bem-vinda
dose de Croft sem uma análise própria do que está em oferta.
Há tempos eu pensava em escrever uma postagem como essa, na qual simplesmente
jogo ao vento algumas possibilidades de colaborações onde eu enxergo potencial
e que egoisticamente gostaria de que viessem a se tornar realidade
(independente do quão improváveis sejam). Esse pensamento foi o catalisador da
minha sucinta pesquisa, que encerrei
exatamente uma semana atrás.
Sem mais delongas, vamos além.

Arte de
David Mejia
• Universo DC
Sinceramente, não sei o porque esse encontro nunca aconteceu. Acredito que
muito do apelo dos super-heróis atualmente recaia sobre seus respectivos universos
cinematográficos, mas os heróis da DC já cruzaram caminhos com tantos
personagens além de suas fronteiras que é, no mínimo, estranho que Lara Croft
tenha sido ignorada. Teria sido especialmente incrível na época em que os quadrinhos de Tomb Raider eram publicadas pela editora Top Cow.
Tartarugas Ninja
e até mesmo
Sonic
e amigos já estiveram lado-a-lado com esses heróis lendários, em diferentes
mídias como quadrinhos, animações e até mesmo itens colecionáveis. Seria
interessante ver a dinâmica que se desdobraria em um encontro entre Lara Croft
e Batman, por exemplo, dadas as diferenças na conduta de ambos (mas vale
lembrar que,
em uma interpretação, Lara havia feito um juramento de que jamais tomaria outra vida...), mas a
escolha inicial mais óbvia para inserir nossa saqueadora de tumbas nesse
universo seria
Mulher-Maravilha.
E, em tempo, o pretexto inicial do filme
Esquadrão Suicida
é puro suco croftiano. Talvez não seja o melhor exemplo dada a recepção desse
filme em si (apesar de eu discordar fortemente), mas o que quero dizer é que
um contexto para cruzar esses universos não exige esforço.

Arte de
Cyan Orange
• Assassin's Creed
Apesar de ser uma década mais nova, a franquia da Ubisoft já possui um
legado absurdo por conta de seus incontáveis jogos e spin-offs. A principal
característica que torna essa uma franquia tão prolífera é a possibilidade
de situar cada jogo em uma época e ambientação diferente, apresentando novos
protagonistas e mecânicas de jogo e, assim, se reinventando a cada novo
lançamento.
Como inserir Lara Croft, distintamente uma personagem moderna, nesse universo? Pois bem, no
final de Assassin's Creed Odyssey, descobrimos que a protagonista canônica Kassandra viveu durante milênios
graças ao poder de um artefato de uma civilização antiga... E ela surge, nos dias atuais, trajada como
uma verdadeira CEO, para conversar com a jovem que estava revivendo
suas memórias. Em nossa franquia, já tivemos uma deusa-governanta da antiga
Atlântida que também viveu durante milênios e usava um disfarce de CEO...
Aliás, muito do lore da franquia Assassin's Creed gira em torno da civilização Isu, "aqueles que vieram antes". Uma civilização antiga e tecnologicamente avançada que moldou o rumo da história da humanidade e das civilizações que se ergueram milênios depois... Soa incrivelmente familiar, não é verdade?
Falhando isso, não há erro com uma mera troca de trajes e equipamentos. Quem não
adoraria ver Lara Croft em um traje de assassino, com robes longos e capuz? Um
contexto nem se fez necessário aqui: precisamos de diversão e de distrações do
catastrófico mundo real em que vivemos.

Arte de
Pe Phung
• Street Fighter 6
Tartarugas Ninja?
Estão presentes.
Não acredito que nossa garota seria desenvolvida como uma personagem jogável
inédita, com golpes e características próprias (embora potencial para isso
certamente exista), mas, da mesma forma que as supracitadas tartarugas mutantes, a mera
existência de
avatares personalizáveis
abre brecha para um pacote temático com roupas e acessórios para que jogadores
interessados repliquem o visual icônico da aventureira.
Outra forma mais objetiva seria colocar uma das lutadoras do jogo —
nominalmente,
Cammy
— fazendo cosplay de Lara Croft. A lutadora inglesa surgiu em
Super Street Fighter II, em 1993, e era facilmente reconhecida por seu top verde e suas longas
tranças loiras. Ou seja, o ponto de partida não está tão distante da nossa
própria garota...

• Lego
Eis outra colaboração que não entendo o porquê ainda não existe de forma
oficial. Suspeito que o uso de armas de fogo dificultaria capitalizar e vender esses produtos ao suposto público-alvo da franquia mas, dado seus
preços altíssimos, eu diria que o fator nostalgia torna essa linha de brinquedos
algo que novos adultos compram para si mesmos (ou para seus filhos) pois
não tinham condições para tê-los quando eram crianças.
De qualquer forma, a licença não precisa ficar limitada a brinquedos físicos
superfaturados. Em dois exemplos rápidos, Lego Horizon tornou-se
um videogame, e Lego Prince of Persia havia recebido um
curta animado
na época em que foi lançado, narrado por Jake Gyllenhaal (que havia
interpretado o personagem no cinema). A incontestável rainha dos games deveria
ter tudo isso, e muito mais. E parece que, em algum momento,
chegamos perto disso...

• Super Smash Bros.
E, surpreendendo zero pessoas, vou mais uma vez destacar que é um ultraje que
nossa garota tenha sido esnobada
da forma que foi em Super Smash Bros. Ultimate, lançado sete anos atrás (no mesmo ano em que Shadow... o que é o tempo, afinal?). Não existe qualquer argumento válido que
justifique sua exclusão, considerando-se as escolhas que foram feitas para os
personagens vendidos através de pacotes de DLC.
Até o momento, o próximo jogo da franquia ainda não foi anunciado, mas
acredito que é tão inevitável quanto uma segunda após o domingo uma vez que o novo console da Nintendo já está disponível. Tomb Raider atingirá o marco histórico de 30 anos
em 2026, e quero acreditar que isso agregará uma relevância maior e
irrefutável quando chegar a hora da Nintendo negociar personagens inéditos
para seu jogo de luta em plataforma...