A editora Evil Hat Productions atualizou a página de
Shadows of Truth hoje com a informação de que o
RPG de mesa foi cancelado. De acordo com a nota, isso ocorreu por diferenças criativas de forma que a visão da editora não corroborava com a visão da licenciante.
Isso, infelizmente, não é uma surpresa, uma vez que bastou o projeto ser anunciado para se tornar vítima instantânea de influenciadores e tablóides que buscam engajamento a qualquer custo. O motivo? Uma das personagens na arte de capa do livro era negra, de cabelo colorido, e com próteses.
Desnecessário dizer isso, mas o propósito de um RPG — literalmente, jogo de interpretação de papeis — é justamente criar e dar vida a personagens que são exatamente como você, jogador, deseja. Sabe aquela mensagem de "imagem meramente ilustrativa"? Pois então, mesma coisa. Vivemos numa sociedade onde as pessoas não apenas perderam a vergonha de serem ignorantes, mas passaram a se orgulhar disso.
Mais tarde, uma das pessoas que obteve acesso à versão de testes (eu me inscrevi, afinal eu já trilhava o percurso de
RPGs de Tomb Raider muito antes dos oficiais surgirem, mas não fui selecionado) causou alvoroço publicando, sem autorização, páginas selecionadas que descreviam os protagonistas do jogo como "protetores" em um universo que outrora era representado pela lógica do "achado não é roubado", no qual Lara invadia templos antigos e pegava o que bem entendesse — uma saqueadora de tumbas, afinal.
O intuito do tweet era incitar mais uma campanha de ódio contra a Crystal Dynamics, que é acusada de destoar a personagem desde que assumiu a franquia, mas o artigo compartilhado era de inteira autoria da editora, que veio a público esclarecer isso. As mesmas pessoas, então, passaram a conspirar que a Crystal teria obrigado a editora a isentá-los de qualquer culpabilidade nessa história. Ou seja, a única explicação plausível é que psicose é um requisito para ser fã dessa franquia.
Enfim, eu considero essa uma perda lastimável, mas muitos fãs estão celebrando o ocorrido.