
Among Walls
é um caso curioso. O título havia sido listado há poucos meses na Steam e
chamou atenção dos fãs pela óbvia inspiração em suas imagens — e os trailers
iniciais até mesmo faziam uso de animações de Angel of Darkness, algo que foi
rapidamente substituído quando a comunidade começou a criticar abertamente o
jogo. Uma versão preliminar do jogo foi lançada na semana passada, no sistema
de acesso antecipado, e foi removida meras horas depois.
O jogo em si é, indubitavelmente, um clone de nosso amado Tomb Raider. Por si,
isso não chega a ser um problema, basta lembrar de alguns jogos lançados no
final dos anos 1990 onde controles e mecânicas de jogo eram similares, até
demais, como por exemplo
Indiana Jones and the Infernal Machine,
The Mummy
e
Prince of Persia 3D.
Among Walls, em contrapartida, foi apresentado como uma homenagem ao "icônico
jogo dos anos 90". A protagonista, Kiara Bell, é descrita como uma aventureira intrépida,
que parte para os Andes equipada com duas pistolas para explorar tumbas em
busca de tesouros e artefatos misteriosos... Meio sus.
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A fundação do jogo é essencialmente a mesma de TR1, com um mundo construído em
blocos, mas os controles são "modernizados". Eu os descreveria como um híbrido bizarro dos
controles das sagas clássica e Legend, e admito que me frustrei muito enquanto
tentava aprendê-los mas, com o tempo, acabei me acostumando. A facilidade de
morrer (qualquer altura parece ser alta demais para Kiara) e a distância entre
os checkpoints tornaram esse um processo muito mais irritante do que o ideal.
Honestamente, as animações da personagem são ruins, talvez pela falta de
fluidez entre as transições, e o sistema de combate tenta imitar o de TRL mas
não o faz muito bem. Muito trabalho ainda precisa ser investido nesses
sistemas (em todo o jogo, de forma geral) até que algo sólido e funcional seja
apresentado. Encontrei diversos bugs também, como atravessar paredes com
cambalhotas ou ficar preso numa animação de caminhada enquanto empurrava
blocos ou nadava.
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Essa versão beta traz cinco níveis. Os quatro níveis nos Andes possuem, sim,
muitas áreas familiares com as do jogo original mas, como um todo, são
diferentes o bastante em minha opinião. Eu particularmente gosto da abordagem
minimalista no design, usando cores sólidas ao invés de texturas. Mas, como os
ambientes tendem a ser vazios, combinados com a estrutura em blocos, esse efeito
acaba saindo pela culatra e causa uma sensação de repetitividade muito
grande.
O quinto nível é ambientado na casa da garota. Kiara, naturalmente, mora numa
mansão exageradamente grande e que mais parece um castelo, onde ela pode
praticar seus movimentos. Uma mensagem informa que esse nível ainda está em
desenvolvimento, mas é necessário destacar que é um ambiente vazio demais,
talvez um escopo infinitamente menor seria mais proveitoso. Os tesouros
obtidos na campanha são convertidos em dinheiro para trocar por decorações
para o lar, mas a funcionalidade ainda não está implementada.
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Essa versão do jogo é curta, sendo possível finalizá-la em cerca de duas horas, e você sabe
exatamente o que esperar: alavancas, chaves, segredos, blocos para empurrar,
lobos, morcegos, ursos, e dinossauros. A título de curiosidade, eu diria que
vale a pena conferir, mas quero aproveitar esse espaço para tentar explicar o
porquê o jogo já não pode mais ser obtido (embora ainda não saibamos se isso é
provisório ou permanente).
Como eu disse anteriormente, a comunidade foi bem vocal nas críticas ao
desenvolvedor. Na tela de créditos, o autor do projeto se credita como
"estúdio de um homem só", mas em respostas ele afirma que outras pessoas
ajudaram e por isso não tinha ciência da origem de certos elementos. A engine, por
exemplo, parece tomar o projeto gratuito URaider como ponto de partida — e,
salvo engano, as animações de AOD fazem parte desse pacote —, o que veio a se
tornar um problema pois Among Walls estava sendo vendido.
Outra crítica é de que algumas das áreas são similares demais a um
nível do Level Editor. Nesse caso, o autor do projeto admitiu que tomou
"inspiração" e ofereceu uma linha de crédito ao autor original, ao invés de acatar ao desejo de remover essas salas. Essa decisão não desceu bem
e, novamente, só é um problema pois Among Walls é um produto comercial. Se
fosse um jogo gratuito, como os inúmeros protótipos que existem em sites como
itch.io, provavelmente ninguém se
incomodaria.
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Nesse momento, é difícil dizer o que vai acontecer com Among Walls — se alguém ainda se importa, é claro. A julgar
pelas mensagens do autor, o jogo foi removido para que as "correções
necessárias" sejam feitas, mas acho que o estrago já está feito. E veja, mesmo o
modelo da personagem principal
não é exatamente uma criação original do projeto...
Para todos os efeitos, eu gravei um vídeo demonstrando o primeiro nível na
íntegra: