quarta-feira, 17 de dezembro de 2025

Miniprévia de Legacy of Atlantis e Catalyst

Escrevi o artigo abaixo para o portal PSX Brasil, aqui replicado com autorização. 
 
A Amazon Game Studios convidou centenas de membros da imprensa especializada do mundo inteiro para participar de um evento virtual de perguntas e respostas com a Crystal Dynamics, e, dado meu histórico doentio com a franquia, o portal estendeu essa oferta a mim. Cada ouvinte podia enviar tantas perguntas quanto quisesse, por escrito, para a mediadora da sessão, mas infelizmente não conseguimos muitas informações novas.
 

 
Na última quinta-feira (11), durante a The Game Awards 2025, recebemos o anúncio de não apenas um mas de dois novos jogos estrelando Lara Croft, a eterna Tomb Raider. No dia seguinte, tivemos a oportunidade de participar de uma breve sessão de perguntas e respostas com Scot Amos, chefe de estúdio da Crystal Dynamics, e Will Kerslake, diretor de jogos da Crystal Dynamics. Infelizmente, foi uma sessão muito curta, por isso tentamos complementar com informações disponíveis até o momento para apresentar essa mini-prévia do que o futuro reserva para os fãs de Lady Croft.
 
Estes serão os primeiros jogos que o estúdio estará desenvolvendo com a Unreal Engine 5. Ao substituir a engine proprietária que eles usavam até então por uma tão amplamente conhecida, eles salientam que não precisam ensinar e treinar novos colaboradores do zero. A engine foi customizada para garantir que toques característicos da franquia estejam presentes, mas é uma ferramenta que cede oportunidades para desenvolver visuais dinâmicos e paisagens estonteantes, com ambientes e tumbas com uma riqueza muito maior em detalhes do que já vimos na série.
 
Ao longo de seus trinta anos, Tomb Raider já passou por tudo — inclusive remake, remaster e reboot —, e agora estamos no aguardo destes projetos sendo desenvolvidos paralelamente por duas equipes distintas, sem que um afete o outro, mas sob uma única liderança para assegurar que tudo faça sentido e se encaixe no panorama proposto para a franquia.  


Tomb Raider: Legacy of Atlantis (2026)

"Algumas lendas nasceram para serem recontadas..."
 
O primeiro dos dois projetos é uma nova releitura do Tomb Raider original, de 1996. Não diferente do que a própria Crystal Dynamics havia feito em 2007, quando publicou Tomb Raider: Anniversary, desta vez a releitura está sendo feita pelo estúdio polonês Flying Wild Hog (de Shadow Warrior e Trek to Yomi, entre outros), outra subsidiária da Fellowship Entertainment (Embracer Group). 
 
Scot Amos diz que apesar da distância geográfica, os estúdios compartilham valores e culturas, e há uma colaboração contínua no compartilhamento de tecnologia, recursos e assets.
 
 
Concebido como uma forma de celebrar o trigésimo aniversário da franquia em 2026, Legacy of Atlantis é descrito como uma carta de amor feita de fãs para fãs, além de ser uma maneira de honrar o título original da Core Design que deu início à franquia. Nessa releitura, todos elementos-chave do jogo original estão sendo selecionados e reconstruídos sob uma perspectiva moderna, pegando momentos memoráveis e debatendo como reimaginá-los nos dias atuais de forma a criar essas memórias em jogadores que não tiveram a oportunidade de experienciar o jogo original em 1996 — e, ao mesmo tempo, criar novas memórias nos fãs de longa data.  

A tecnologia evoluiu bastante nos últimos 30 anos, então não é exatamente uma tarefa fácil, mas o objetivo primário do estúdio é fazer com que Legacy of Atlantis cause a mesma impressão que o jogo original causou na época em que foi lançado, mas com a fluidez de câmera e de controles que um jogo moderno pode oferecer. Elementos vitais, como uma protagonista confiante, uma aventura que percorre o globo, e solução de enigmas estratégicos, serão mantidos mas completamente ajustados de acordo com o que pode ser feito com a tecnologia atual para alavancar a experiência. 
 
 
O trailer mostra apenas cenas mistas do primeiro ato, no Peru, mas Legacy of Atlantis incluirá todos os níveis de TR1 e mais algumas surpresas que serão reveladas posteriormente. Enigmas, navegação de ambientes, armadilhas, animais e criptídeos: tudo que fazia parte da experiência original estará presente. Questionamos, mas os desenvolvedores não entraram em detalhes quanto ao sistema de combate. 
 
 
Tomb Raider: Catalyst (2027)
 
"Estou só começando."
 
Em desenvolvimento pela Crystal Dynamics desde 2022, quando a parceria com a Amazon Game Studios foi anunciada, o segundo projeto anunciado na TGA marca o início do próximo capítulo da franquia. Lara Croft é apresentada em seu ápice, embarcando em novas aventuras. 
 
Ambientado no norte da Índia, onde um cataclisma mítico libertou segredos antigos e despertou misteriosas forças protetoras, caçadores de tesouro do mundo inteiro partem para o local. Em uma corrida contra o tempo, Lara Croft busca pela verdade enterrada abaixo do território fraturado para impedir aqueles que desejam usar os poderes ali contidos para ganho próprio. O passado colide com o presente, e Lara precisa decidir em quais aliados e rivais pode confiar para proteger um segredo capaz de remodelar o futuro. 
 
Este será o maior e mais expansivo título da série até o momento, com uma variedade de cenários dinâmicos, incluindo montanhas, desertos, selvas, e ruínas. Novamente tirando proveito da Unreal Engine 5, os desenvolvedores prometem paisagens deslumbrantes, com um nível de detalhamento que não era possível anteriormente. O teaser em computação gráfica não oferece indícios da jogabilidade, mas os desenvolvedores afirmam que existem várias pistas ali: além do gancho, podemos ver as pistolas duplas, um arco, uma pá...
 
A Índia não foi escolhida por acaso: é um local com uma tremenda riqueza em sua história e cultura, com diversos mitos e paisagens a serem explorados.
 
Para os fãs de longa data, esse é o momento onde Lara se encontra agora: os demais jogos da série representam seu passado (o trailer faz referência ao Triângulo do Dragão, do reboot de 2013, e também cita Atlântida, de TR1 e/ou Legacy of Atlantis). Os desenvolvedores salientam que não é necessário “fazer o dever de casa”, pois o jogo foi construído de forma que funcione como um ponto de partida para novos jogadores, oferecendo uma aventura autossuficiente na qual você pode desfrutar da história, e de seus personagens, sem conhecimento prévio da franquia.  


A nova Lara Croft

As duas aventuras situam Lara Croft em momentos distintos de sua jornada, mas uma variável é constante em ambas: a nova dubladora da personagem é Alix Wilton Regan. Will Kerslake sinaliza que Alix captou, desde o princípio, os planos que eles tinham para Lara Croft, e, além de charme e carisma, ela também traz confiança e profundidade de emoções necessárias para a narrativa.
 
Curiosamente, a atriz já estava escalada para ser Joanna Dark no reboot de Perfect Dark, que estava sendo desenvolvido pela The Initiative em parceria com a Crystal Dynamics, mas o currículo da moça inclui trabalhos como Cyberpunk 2077, Dragon Age: Inquisition, Assassin’s Creed: Origins, e Mass Effect 3, entre muitos outros.
 
Ambos os jogos serão lançados com localização integral em português brasileiro (ou seja, textos e áudio), mas a Amazon não divulgou o nome da intérprete nacional da aventureira.
 
Além disso, os desenvolvedores comentaram brevemente a nova aparência da aventureira. A Crystal Dynamics está envolvida com Tomb Raider há quase duas décadas, e consideram um privilégio a oportunidade de reinventar a personagem para que ela atenda as expectativas de quem ela é e de quem deveria ser, de acordo com a percepção do público para a época em que os jogos são lançados.
 
O artista-chefe de personagens e diretor de arte são os mesmos que já vêm trabalhando na franquia há bastante tempo, mas existem certos aspectos que sempre são mantidos enquanto eles atualizam o design da personagem para atender à realidade dos padrões atuais, ao que a engine permite, e também a requisitos para garantir que ela esteja de acordo com a época da história que está sendo contada.
 
Há uma pressão enorme para respeitar tais elementos que ajudaram a consolidar Lara Croft como uma personagem tão duradoura na indústria, algo que o estúdio admira e procura fazer o seu melhor para manter esse legado. Com muitas pessoas novas nas equipes (inclusive a participação do estúdio Flying Wild Hog), e alguns funcionários com mais de trinta anos de experiência, é essa combinação de talentos que está moldando a próxima geração de jogos na série Tomb Raider.
 
 
O PSX Brasil agradece à Amazon Game Studios pelo convite de participar da Sessão de Perguntas e Respostas com a Crystal Dynamics.