domingo, 6 de junho de 2021

Pensamentos pós Fighting Force

Como eu havia dito na postagem sobre Marvel's Avengers, pretendo conhecer melhor outros títulos dos estúdios por trás da saga Tomb Raider e compartilhar pensamentos aqui no blog. Após inúmeras tentativas frustradas em instalar Project Eden em meu sistema atual — devo tentar novamente em breve —, decidi pular para o item seguinte na minha lista: Fighting Force e Fighting Force 2, desenvolvidos pela Core Design e publicados em 1997 e 1999, respectivamente.

Para contextualizar, nessa época Lara Croft já era sinônimo de dinheiro. Fighting Force foi lançado poucas semanas antes de Dagger of Xian chegar ao mercado, e reza a lenda que a Core Design havia feito a proposta de desenvolver esse jogo para a Sega como um Streets of Rage em 3D. A Sega recusou e, assim, uma nova propriedade intelectual nasceu. Uma das críticas destacadas na página da Wikipedia é de que o jogo falhou em evoluir o gênero da mesma forma que o estúdio havia conseguido com TR anteriormente, e, bem, essa descrição é perfeita para o jogo.


O jogo em si não oferece contexto algum sobre sua história. De acordo com o manual de instruções, um cientista radical e teólogo, Dr. Dex Zeng, acreditava convictamente que o mundo iria acabar na virada do milênio. Quando isso não aconteceu, ele se declarou responsável em "corrigir" essa falha e decidiu que causaria o armagedom por conta própria, mas uma de suas assistentes não concorda com esse plano e chama um grupo de amigos para impedi-lo.

Tal grupo é formado por Mace Daniels, Hawk Manson, Ben Jackson, e Alana McKendrick. Como esperado para o gênero, cada personagem possui um ataque especial e características próprias. Isso não quer dizer muito, entretanto, uma vez que a jogabilidade é extremamente limitada e repetitiva — muito aquém do que as excelentes séries Final Fight e Streets of Rage faziam em 2D anos antes.


Os níveis são compostos essencialmente por uma ou duas áreas, onde hordas de inimigos surgem de todos os cantos e, de forma resumida, tudo que você faz é farofar os botões de ataque. As hitboxes dos inimigos são inconsistentes demais, e é bem comum ver sua sequência ser interrompida por um soco ou chute do inimigo que você está atacando.

Você inicia com apenas uma vida e é necessário atingir pontuações altas para conseguir vidas extras. A pior parte é que o jogo somente permite salvar seu progresso em momentos específicos, sendo necessário completar 4 ou 5 níveis por vez até receber uma oportunidade para salvar o jogo novamente. Essa é uma forma artificial de inflar a dificuldade, e temo que tenha saído pela culatra: sem os recursos habilitados pelo uso de um emulador, imagino que a frustração seria constante.
 
Dois anos mais tarde, Fighting Force 2 veio com uma abordagem bem diferente. Com roteiro de Murti Schofield (o mesmo que mais tarde viria a escrever Angel of Darkness, sim), o jogo coloca Hawk Manson como protagonista único, agora membro de um esquadrão secreto de agentes chamado de SI-Cops, invadindo e destruindo diversas bases e laboratórios que operam ilegalmente. A cena de abertura é descaradamente inspirada pelo clássico atemporal Matrix, que havia sido lançado alguns meses antes.


As mudanças também atingiram a estrutura de jogo, posicionando a câmera nas costas do personagem (de forma similar, mas ainda bem diferente, do que víamos em TR) de forma a forçar a exploração de extensos labirintos formados por salas cúbicas, nas quais você entra, surra todos os inimigos usando os mesmos ataques até que algum deles derrube o próximo cartão, e segue para a próxima sala. Ad nauseam. 
 
As nove fases são enormes, repetitivas e cansativas. Admito que ao chegar na quarta, já estava pronto para abandonar o jogo, mas a teimosia falou mais alto. Além disso, o jogo é mais difícil do que deveria por conta do alto número de inimigos armados; sinto que o balanceamento não recebeu a atenção necessária. De forma geral, o primeiro jogo — que já era fraco — ainda era melhor, e não chega a ser surpresa que o terceiro foi cancelado. 


Para encerrar, vale lembrar que algumas artes promocionais da época combinavam diferentes franquias para ilustrar os catálogos da Eidos. Você certamente já viu as artes abaixo, por exemplo. Em termos de easter eggs, localizei apenas uma arte conceitual de TR2 na lateral de um dos vagões no nível do metrô (investigue as imagens dessa postagem). Talvez se tivessem incluído a saqueadora de tumbas de forma mais proeminente, como uma personagem destravável por exemplo, talvez a popularidade ou as vendas dessa franquia teriam sido alavancadas. Jamais saberemos...


Caso tenha curiosidade, é possível jogar ambos diretamente em seu navegador através do portal archive.org, basta seguir os links: Fighting Force e Fighting Force 2.