Como eu havia dito
na postagem sobre Marvel's Avengers, pretendo conhecer melhor outros títulos dos estúdios por trás da saga
Tomb Raider e compartilhar pensamentos aqui no blog. Após
inúmeras tentativas frustradas em instalar Project Eden em meu
sistema atual — devo tentar novamente em breve —, decidi pular para o item
seguinte na minha lista: Fighting Force e
Fighting Force 2, desenvolvidos pela Core Design e publicados em 1997 e 1999,
respectivamente.
Para contextualizar, nessa época Lara Croft já era sinônimo de dinheiro.
Fighting Force foi lançado poucas semanas antes de
Dagger of Xian chegar ao mercado, e reza a lenda que a Core
Design havia feito a proposta de desenvolver esse jogo para a Sega como um
Streets of Rage em 3D. A Sega recusou e, assim, uma nova
propriedade intelectual nasceu. Uma das críticas destacadas
na página da Wikipedia
é de que o jogo falhou em evoluir o gênero da mesma forma que o estúdio havia conseguido com TR anteriormente, e, bem, essa descrição é perfeita para o
jogo.
O jogo em si não oferece contexto algum sobre sua história. De acordo com o
manual de instruções, um cientista radical e teólogo, Dr. Dex Zeng, acreditava
convictamente que o mundo iria acabar na virada do milênio. Quando isso não
aconteceu, ele se declarou responsável em "corrigir" essa falha e
decidiu que causaria o armagedom por conta própria, mas uma de suas assistentes não concorda com esse plano e chama um grupo de amigos para impedi-lo.
Tal grupo é formado por Mace Daniels, Hawk Manson, Ben Jackson, e Alana
McKendrick. Como esperado para o gênero, cada personagem possui um ataque
especial e características próprias. Isso não quer dizer muito, entretanto,
uma vez que a jogabilidade é extremamente limitada e repetitiva — muito aquém
do que as excelentes séries Final Fight e
Streets of Rage faziam em 2D anos antes.
Os níveis são compostos essencialmente por uma ou duas áreas, onde hordas de
inimigos surgem de todos os cantos e, de forma resumida, tudo que você faz é
farofar os botões de ataque. As hitboxes dos inimigos são inconsistentes
demais, e é bem comum ver sua sequência ser interrompida por um soco ou chute
do inimigo que você está atacando.
Você inicia com apenas uma vida e é necessário atingir pontuações altas para
conseguir vidas extras. A pior parte é que o jogo somente permite salvar seu
progresso em momentos específicos, sendo necessário completar 4 ou 5 níveis por vez
até receber uma oportunidade para salvar o jogo novamente. Essa é uma forma
artificial de inflar a dificuldade, e temo que tenha saído pela
culatra: sem os recursos habilitados pelo uso de um emulador, imagino que a frustração seria constante.
Dois anos mais tarde, Fighting Force 2 veio com uma abordagem
bem diferente. Com roteiro de Murti Schofield (o mesmo que mais tarde
viria a escrever Angel of Darkness, sim), o jogo coloca Hawk Manson como protagonista único, agora membro de um
esquadrão secreto de agentes chamado de SI-Cops, invadindo e destruindo
diversas bases e laboratórios que operam ilegalmente. A
cena de abertura é
descaradamente inspirada pelo clássico atemporal Matrix, que havia sido lançado alguns meses antes.
As mudanças também atingiram a estrutura de jogo, posicionando a câmera nas
costas do personagem (de forma similar, mas ainda bem diferente, do que víamos
em TR) de forma a forçar a exploração de extensos labirintos formados por salas
cúbicas, nas quais você entra, surra todos os inimigos usando os mesmos
ataques até que algum deles derrube o próximo cartão, e segue para a próxima
sala. Ad nauseam.
As nove fases são enormes, repetitivas e cansativas. Admito que ao
chegar na quarta, já estava pronto para abandonar o jogo, mas a teimosia falou
mais alto. Além disso, o jogo é mais difícil do que deveria por conta do alto
número de inimigos armados; sinto que o balanceamento não recebeu a atenção
necessária. De forma geral, o primeiro jogo — que já era fraco — ainda era melhor, e não chega a ser surpresa que o terceiro foi cancelado.
Para encerrar, vale lembrar que algumas artes promocionais da época combinavam
diferentes franquias para ilustrar os catálogos da Eidos. Você certamente já
viu as artes abaixo, por exemplo. Em termos de easter eggs, localizei
apenas uma arte conceitual de TR2 na lateral de um dos vagões no
nível do metrô (investigue as imagens dessa postagem). Talvez se tivessem
incluído a saqueadora de tumbas de forma mais proeminente, como uma personagem
destravável por exemplo, talvez a popularidade ou as vendas dessa franquia
teriam sido alavancadas. Jamais saberemos...
Caso tenha curiosidade, é possível jogar ambos diretamente em seu navegador
através do portal archive.org, basta seguir os links:
Fighting Force
e
Fighting Force 2.