sábado, 24 de abril de 2021

Fortnite × Tomb Raider

Antes de mais nada, preciso dizer que sou velho. Assim sendo, Fortnite é o tipo de jogo que nunca me atraiu. O crossover com Tomb Raider criou em mim um conflito interno, mas, para minha sorte, meus sobrinhos adoram o jogo. Após uma detalhada explicação de conceitos e mecânicas, passei a ter um entendimento melhor sobre o jogo e, após investir uma quantidade razoável de horas em seu modo Battle Royale, devo admitir que ele é bastante divertido e dinâmico.

Conceitualmente, o Battle Royale é bastante simples: 100 jogadores aterrissam numa ilha enorme, portando apenas uma picareta, e devem rapidamente buscar armas e itens pelo mapa. Existem diferentes níveis de raridade para as armas, então explorar os ambientes em busca de baús é sempre uma boa ideia. Uma tempestade avança sobre a ilha em ciclos pré-determinados, reduzindo progressivamente o tamanho do mapa jogável e, assim, forçando os jogadores a se encontrarem até restar apenas um.

Paralelamente aos tiroteios desenfreados, existe uma boa variedade de atividades que você pode realizar. A picareta permite que você garimpe diferentes materiais usados para construir escadas e fortes, permitindo acessar áreas fora do alcance ou simplesmente criar uma barreira de proteção para aumentar suas chances de sobrevivência. Além dos jogadores, o mapa também está repleto de NPCs que podem oferecer recompensas para certos desafios, vender itens, e até mesmo ser contratados para auxiliar em combate.

Não fosse o suficiente, todas as semanas novas missões são acrescentadas. Muitas delas têm foco nas mecânicas primárias de jogo (ou seja, causar dano com certos tipos de arma, eliminar um número de oponentes, etc.), mas também surgem missões que fogem completamente dessa realidade, como pescar ou localizar artefatos. Tudo durante um Battle Royale.
A inclusão de passes de batalha, por onde nossa querida Lara Croft entra no ringue, traz muitos itens cosméticos para os fãs do jogo. Quando comecei a jogar, tinha estabelecido que chegaria apenas até o nível 22 para destravar a variante da skin chamada de 25th Anniversary. Ela é claramente inspirada pelo visual da aventureira em TRA, mas, combinada com esse novo marco, pode ser um indício do que o futuro nos reserva com a tal unificação de continuidades, que ainda não sabemos como será.

Para minha surpresa, acabei tomando gosto pelo jogo. Minha inaptidão para erguer construções durante as partidas costuma me deixar em grande desvantagem, o que criou em mim um certo desdém por essa mecânica em particular. Mesmo assim, ao ser eliminado, entrava na fila para cair na próxima sessão o mais rápido possível e continuar trabalhando na progressão de experiência do passe de batalha, enquanto tentava completar as missões semanais para conquistar a variante Classic. Minha linha de chegada ficava cada vez mais distante; maldito seja esse TOC.
 
Chegar ao nível 22 parecia uma tarefa monumental, mas manter meu foco nas missões e tentar sobreviver sem engajar em combate direto com outros jogadores, enquanto explorava ambientes em busca de pontos extras de experiência por abrir baús, foi minha salvação. O lema de Chase Carver nunca fez tanto sentido — "fuja, fuja e viva para amar outro dia". Hoje, já estou muito além desse nível e posso afirmar que minha impressão inicial estava bem errada, mais uma vez.
Além das skins, o jogo recebeu uma aventura para o modo Criativo inspirada pela Mansão Croft. Um artefato quebrou o balanço natural da estrutura e quanto mais andares descemos, mais distorcida e fragmentada ela fica. De certa forma, saltar entre plataformas flutuantes feitas com blocos da biblioteca me fez lembrar do DLC The Mirror of Spirits, de Go. Vale a pena conferir, sem dúvidas.

Aliás, fica aqui uma curiosidade sobre esse nível. Dois dos três livros com os quais você pode interagir na biblioteca carregam títulos "oficiais", citados na primeira biografia de Lara Croft quando dizia-se que ela escrevia para financiar suas aventuras. O terceiro livro, Atlanteans Never Die, foi inventado pela administradora do fansite Captain Alban após a gerente de comunidades pedir sugestões para o programa de afiliados. Sensacional!

Infelizmente eu tive diversos problemas técnicos com o jogo. Meu PS4 apresenta muitos sinais de desgaste, tendo já sofrido até uma perda total de dados no disco rígido no passado. A instalação de Fortnite corrompeu com muita frequência, diria que entre duas ou três vezes por semana, dentro desse mês em que me dediquei ao jogo para desenvolver conteúdo para o blog. A insistência em nome de Lara sempre falou mais alto que a sensatez, mas talvez seja hora de rever certas prioridades. (Ou não.)
 
Para encerrar, eis um recapitulativo do conteúdo que o crossover trouxe ao jogo por um período limitado durante a temporada Primal, tudo devidamente catalogado aqui no blog Raider Daze.
Essa temporada de Fortnite se encerrará em junho. A partir de então, Tomb Raider será apenas mais um nome na gigantesca lista de colaborações que o jogo já recebeu. Desculpe, Nintendo, mas acredito que Super Smash Bros. Ultimate não pode mais ser considerado o maior crossover do mundo do entretenimento (mas, ainda assim, vou manter meus dedos cruzados para o futuro).