Antes de mais nada, preciso dizer que sou velho. Assim sendo, Fortnite é o
tipo de jogo que nunca me atraiu. O crossover com Tomb Raider criou em mim um
conflito interno, mas, para minha sorte, meus sobrinhos adoram o jogo. Após
uma detalhada explicação de conceitos e mecânicas, passei a ter um
entendimento melhor sobre o jogo e, após investir uma quantidade razoável de
horas em seu modo Battle Royale, devo admitir que ele é bastante divertido e dinâmico.
Conceitualmente, o Battle Royale é bastante simples: 100 jogadores aterrissam
numa ilha enorme, portando apenas uma picareta, e devem rapidamente buscar
armas e itens pelo mapa. Existem diferentes níveis de raridade para as armas, então explorar os
ambientes em busca de baús é sempre uma boa ideia. Uma tempestade avança sobre a ilha em ciclos pré-determinados, reduzindo
progressivamente o tamanho do mapa jogável e, assim, forçando os jogadores a se encontrarem até restar apenas um.
Paralelamente aos tiroteios desenfreados, existe uma boa variedade de atividades
que você pode realizar. A picareta permite que você garimpe diferentes
materiais usados para construir escadas e fortes, permitindo acessar áreas
fora do alcance ou simplesmente criar uma barreira de proteção para aumentar
suas chances de sobrevivência. Além dos jogadores, o mapa também está repleto
de NPCs que podem oferecer recompensas para certos desafios, vender itens, e
até mesmo ser contratados para auxiliar em combate.
Não fosse o suficiente, todas as semanas novas missões são acrescentadas. Muitas
delas têm foco nas mecânicas primárias de jogo (ou seja, causar dano com
certos tipos de arma, eliminar um número de oponentes, etc.), mas também
surgem missões que fogem completamente dessa realidade, como pescar ou localizar artefatos. Tudo durante
um Battle Royale.
A inclusão de passes de batalha, por onde nossa querida Lara Croft entra no
ringue, traz muitos itens cosméticos para os fãs do jogo. Quando
comecei a jogar, tinha estabelecido que chegaria apenas até o nível 22 para
destravar a variante da skin chamada de 25th Anniversary. Ela é claramente
inspirada pelo visual da aventureira em TRA, mas, combinada com esse novo
marco, pode ser um indício do que o futuro nos reserva com a tal
unificação de continuidades, que ainda não sabemos como será.
Para minha surpresa, acabei tomando gosto pelo jogo. Minha inaptidão para erguer construções durante as partidas costuma me deixar em grande desvantagem, o
que criou em mim um certo desdém por essa mecânica em particular. Mesmo assim, ao ser eliminado,
entrava na fila para cair na próxima sessão o mais rápido
possível e continuar trabalhando na progressão de experiência do passe de
batalha, enquanto tentava completar as missões semanais para conquistar a variante
Classic. Minha linha de chegada ficava cada vez mais distante; maldito seja esse TOC.
Chegar ao nível 22 parecia uma tarefa monumental, mas manter meu foco nas missões e tentar sobreviver sem engajar em combate direto com outros jogadores,
enquanto explorava ambientes em busca de pontos extras de experiência por abrir baús, foi minha salvação.
O lema de Chase Carver
nunca fez tanto sentido — "fuja, fuja e viva para amar outro dia". Hoje, já
estou muito além desse nível e posso afirmar que minha impressão inicial
estava bem errada, mais uma vez.
Além das skins, o jogo recebeu uma aventura para o modo Criativo inspirada
pela Mansão Croft. Um artefato quebrou o balanço natural da
estrutura e quanto mais andares descemos, mais distorcida e
fragmentada ela fica. De certa forma, saltar entre plataformas flutuantes
feitas com blocos da biblioteca me fez lembrar do DLC
The Mirror of Spirits, de Go. Vale a pena conferir, sem dúvidas.
Aliás, fica aqui uma curiosidade sobre esse nível. Dois dos três livros
com os quais você pode interagir na biblioteca carregam títulos "oficiais", citados na
primeira biografia de Lara Croft quando dizia-se que ela escrevia para
financiar suas aventuras. O terceiro livro, Atlanteans Never Die, foi
inventado pela administradora do fansite
Captain Alban
após a gerente de comunidades pedir sugestões para o programa de afiliados.
Sensacional!
Infelizmente eu tive diversos problemas técnicos com o jogo. Meu PS4
apresenta muitos sinais de desgaste, tendo já sofrido até uma perda total de
dados no disco rígido no passado. A instalação de Fortnite corrompeu com muita
frequência, diria que entre duas ou três vezes por semana, dentro desse mês
em que me dediquei ao jogo para desenvolver conteúdo para o blog. A insistência em nome de Lara sempre falou mais alto que a sensatez, mas talvez seja hora de
rever certas prioridades. (Ou não.)
Para encerrar, eis um recapitulativo do conteúdo que o crossover trouxe ao jogo por um período limitado durante a temporada Primal,
tudo devidamente catalogado aqui no blog Raider Daze.
- A skin de Lara Croft, que possui três estilos alternativos;
- Lara Croft como uma NPC;
- Diversos itens cosméticos, como emotes e peças de equipamento;
- Duas áreas para o modo Criativo: Croft Manor Hub e Mystery at Croft Manor;
- O modo limitado Dupla Dinâmica, com Aloy de Horizon: Zero Dawn.
Essa temporada de Fortnite se encerrará em junho. A partir de então, Tomb
Raider será apenas mais um nome na gigantesca lista de colaborações que o
jogo já recebeu. Desculpe, Nintendo, mas acredito que
Super Smash Bros. Ultimate não pode mais ser considerado o
maior crossover do mundo do entretenimento (mas, ainda assim,
vou manter meus dedos cruzados
para o futuro).