Novamente, minha segunda leitura para escrever a postagem dedicada ao mais novo romance de Tomb Raider sofreu um gigantesco atraso. E, infelizmente, outra tendência que é mantida diz respeito a qualidade do livro: questionável, tentando manter um pouco de positivismo. Opiniões são subjetivas, claro, e talvez minhas expectativas que eram altas demais...
Path of the Apocalypse é o primeiro livro a ser promovido como um tie-in, ou seja, ele supostamente se encaixaria com os eventos de Shadow e as duas mídias se complementariam; o conhecimento do livro deveria enriquecer o jogo e vice-versa. Na realidade, porém, as conexões são superficiais e toda a aventura não agrega praticamente nada. Ou seja, a mesma situação das HQs oficiais da Dark Horse.
Acredito que a restrição ao cânone dos jogos volte a ser o principal problema. Neste caso, com exceção do prólogo que ocorre paralelamente ao desencadear do tsunami no jogo, a aventura se desdobra nas 48 horas entre o México e o Peru, e a maior parte do livro corresponde a descrições extensivas de um labirinto cavernoso onde caça vira caçador...
Toda essa sequência no labirinto se torna tediosa e ainda culmina num final bem anticlimático. Eu gostaria de abandonar a ideia de resumos, mas, mesmo assim, tomei algumas notas e tentei sintetizá-las a seguir. Fique avisado que existem spoilers neste texto, inclusive sobre o dito final.
Mesmo que Lara tenha sido responsável pelo tsunami, foi a Trinity que deixou sua família morrer, o que tornaria a moça o instrumento de vingança ideal. Assim, ele revela a localização de um sítio onde Dominguez não teve muita sorte em decifrar uma mensagem. De acordo com o relato dele, perito em ruínas maias, partes da mensagem estavam faltando, e, para que ninguém encontrasse o sítio, Marin e sua equipe foram ordenados a instalar as cargas explosivas.
Marin entrega mapas detalhados para Lara desse chamado Labirinto Azul, na Colômbia, para que ela saiba onde evitar as cargas e talvez ganhar uma vantagem sobre Dominguez. Por culpa dela, ele tinha a adaga, então ela tinha a obrigação de impedir ele de completar o ritual...
Embora Lara não confie em Marin — poderia ser apenas uma armadilha, afinal —, ela acredita nele. Nos mapas que ela mostra para Jonah, o local fica praticamente na rota para o Peru, poderiam parar lá por uma noite. Se não tivesse nada de valor no local, perderiam apenas algumas horas, mas valia o risco caso encontrassem qualquer coisa...
Miguel aceita a oferta generosa de Jonah para essas viagens "informais". Ele conhece um grupo de traficantes próximos ao sítio do Labirinto, onde eles desembarcam. Lara pretende apenas entrar na caverna, bater fotografias e estudá-las em rota ao Peru, mas naturalmente não é tão simples assim.
Uma unidade de táticas especiais da Trinity, que já havia lidado com a traição de Marin, desce na Colômbia poucas horas depois de Lara. Esse grupo, de sociopatas altamente treinados para caçar e eliminar alvos, é liderado por Damon Harper. Diversos de seus cadetes haviam sido mortos na Sibéria por Lara, então, para ele, matar ela é mais do que um trabalho.
O esquadrão é conhecido internamente como Harper's Dozen. Alguns membros sequer possuem um nome completo, e nem todos possuem papeis extensivos na história, mas eis sua composição:
Lara entra na caverna na página 82, e sai de lá apenas na página 278. São intermináveis descrições de túneis, fossas, fendas e câmaras. O Labirinto Azul tem esse nome por conta da tintura usada nos murais e glifos maias presentes no local — teriam sido feitos quando eles estavam indo ou voltando do Peru, onde esconderam a Caixa Prateada de Ix Chel?
O celular onde ela tinha os mapas quebra logo na entrada, quando ela tenta amenizar uma queda com uma cambalhota, então ela dependeria somente de sua memória do que ela vinha estudando no avião em preparação. Para sua sorte, ela encontra o diário do arqueólogo Mateus Souza Pereira, que havia mapeado parte do local antes de ficar preso e morrer em 1937.
Esse sistema cavernoso abriga, além do labirinto, um ecossistema próprio. Além de animais como morcegos (e seus excrementos no chão, o livro faz questão de citar isso com frequência), uma espécie de salamandra com cerca de 1m de comprimento, cauda fina, pele translúcida e sem olhos por conta da escuridão profunda, existe no local. Aos montes. Seus gritos ecoam pelos túneis, causando desconforto não apenas em Lara, mas também nos soldados da Trinity.
Apenas cinco dos membros do esquadrão entram na caverna, para caçar Lara Croft. Eles admitem que é uma decisão errada, já que ela teria a vantagem territorial, mas Harper não poupa esforços para ver a moça morta. Tudo desanda conforme Lara enfrenta e elimina um a um, enquanto investiga as câmaras e encontra murais retratando os cataclismos apocalípticos que ela havia visto no México.
Os outros membros já haviam sido enfrentados anteriormente ou ficaram para Jonah e Miguel. Estes dois acabam desenvolvendo uma grande amizade com base nas situações que passam na superfície, enquanto Lara está na caverna.
Diversos níveis abaixo do que a Trinity havia explorado, Lara encontra glifos e murais intactos (todos os outros pareciam ter sido modificados nos últimos séculos, enquanto os murais provavelmente já estavam ali há mais de dois mil anos) que a ajudam a resolver a dita charada que Dominguez não conseguiu. O mural revela a seguinte mensagem, que Lara decifra posteriormente, no avião:
A viagem foi uma decepção para Lara, mas tudo que passou na caverna, inclusive as decisões que tomou sobre como deveria matar cada um de seus inimigos (em algum momento, ela lembra do que Augur Ramile havia lhe dito) fez com que ela ficasse ainda mais confortável consigo mesma...
Enfim, não é o pior dos livros da série — dificilmente algo irá tomar essa honra de The Ten Thousand Immortals —, mas certamente não é dos melhores. Fora que, na abertura de Shadow, Jonah ainda está claramente chateado com Lara, então essa aventura, que reforça ainda mais os laços fraternais entre os dois, meio que contradiz isso. Ninguém está surpreso, mas é uma pena que não exista uma conexão mais firme entre as diferentes mídias.
Path of the Apocalypse é o primeiro livro a ser promovido como um tie-in, ou seja, ele supostamente se encaixaria com os eventos de Shadow e as duas mídias se complementariam; o conhecimento do livro deveria enriquecer o jogo e vice-versa. Na realidade, porém, as conexões são superficiais e toda a aventura não agrega praticamente nada. Ou seja, a mesma situação das HQs oficiais da Dark Horse.
Acredito que a restrição ao cânone dos jogos volte a ser o principal problema. Neste caso, com exceção do prólogo que ocorre paralelamente ao desencadear do tsunami no jogo, a aventura se desdobra nas 48 horas entre o México e o Peru, e a maior parte do livro corresponde a descrições extensivas de um labirinto cavernoso onde caça vira caçador...
Toda essa sequência no labirinto se torna tediosa e ainda culmina num final bem anticlimático. Eu gostaria de abandonar a ideia de resumos, mas, mesmo assim, tomei algumas notas e tentei sintetizá-las a seguir. Fique avisado que existem spoilers neste texto, inclusive sobre o dito final.
"Quando um desconhecido misterioso se oferece para ajudar Lara a descobrir uma pista que poderia lhe dar uma vantagem, ela embarca em uma expedição para um sistema de cavernas na Colômbia. Entretanto, após descobrir os planos de Lara, a Trinity não vai poupar esforços para chegar até o local antes. A Trinity acredita que eles podem virar o jogo, mas na escuridão das cavernas subterrâneas, existem terrores nas profundezas que nem Lara e nem a Trinity haviam previsto..."A história começa em Cozumel. Luís Marin mora ali com sua família, e é um dos engenheiros de campo da Trinity. Quando a Adaga de Chak Chel é tomada de seu altar, ele recebe a ordem de entrar em um dos helicópteros para evacuar o local, mas ele vai contra seu juramento em uma corrida inútil para tentar salvar sua esposa e filha...
Mesmo que Lara tenha sido responsável pelo tsunami, foi a Trinity que deixou sua família morrer, o que tornaria a moça o instrumento de vingança ideal. Assim, ele revela a localização de um sítio onde Dominguez não teve muita sorte em decifrar uma mensagem. De acordo com o relato dele, perito em ruínas maias, partes da mensagem estavam faltando, e, para que ninguém encontrasse o sítio, Marin e sua equipe foram ordenados a instalar as cargas explosivas.
Marin entrega mapas detalhados para Lara desse chamado Labirinto Azul, na Colômbia, para que ela saiba onde evitar as cargas e talvez ganhar uma vantagem sobre Dominguez. Por culpa dela, ele tinha a adaga, então ela tinha a obrigação de impedir ele de completar o ritual...
Embora Lara não confie em Marin — poderia ser apenas uma armadilha, afinal —, ela acredita nele. Nos mapas que ela mostra para Jonah, o local fica praticamente na rota para o Peru, poderiam parar lá por uma noite. Se não tivesse nada de valor no local, perderiam apenas algumas horas, mas valia o risco caso encontrassem qualquer coisa...
Miguel aceita a oferta generosa de Jonah para essas viagens "informais". Ele conhece um grupo de traficantes próximos ao sítio do Labirinto, onde eles desembarcam. Lara pretende apenas entrar na caverna, bater fotografias e estudá-las em rota ao Peru, mas naturalmente não é tão simples assim.
Uma unidade de táticas especiais da Trinity, que já havia lidado com a traição de Marin, desce na Colômbia poucas horas depois de Lara. Esse grupo, de sociopatas altamente treinados para caçar e eliminar alvos, é liderado por Damon Harper. Diversos de seus cadetes haviam sido mortos na Sibéria por Lara, então, para ele, matar ela é mais do que um trabalho.
O esquadrão é conhecido internamente como Harper's Dozen. Alguns membros sequer possuem um nome completo, e nem todos possuem papeis extensivos na história, mas eis sua composição:
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Lara entra na caverna na página 82, e sai de lá apenas na página 278. São intermináveis descrições de túneis, fossas, fendas e câmaras. O Labirinto Azul tem esse nome por conta da tintura usada nos murais e glifos maias presentes no local — teriam sido feitos quando eles estavam indo ou voltando do Peru, onde esconderam a Caixa Prateada de Ix Chel?
O celular onde ela tinha os mapas quebra logo na entrada, quando ela tenta amenizar uma queda com uma cambalhota, então ela dependeria somente de sua memória do que ela vinha estudando no avião em preparação. Para sua sorte, ela encontra o diário do arqueólogo Mateus Souza Pereira, que havia mapeado parte do local antes de ficar preso e morrer em 1937.
Esse sistema cavernoso abriga, além do labirinto, um ecossistema próprio. Além de animais como morcegos (e seus excrementos no chão, o livro faz questão de citar isso com frequência), uma espécie de salamandra com cerca de 1m de comprimento, cauda fina, pele translúcida e sem olhos por conta da escuridão profunda, existe no local. Aos montes. Seus gritos ecoam pelos túneis, causando desconforto não apenas em Lara, mas também nos soldados da Trinity.
Apenas cinco dos membros do esquadrão entram na caverna, para caçar Lara Croft. Eles admitem que é uma decisão errada, já que ela teria a vantagem territorial, mas Harper não poupa esforços para ver a moça morta. Tudo desanda conforme Lara enfrenta e elimina um a um, enquanto investiga as câmaras e encontra murais retratando os cataclismos apocalípticos que ela havia visto no México.
Os outros membros já haviam sido enfrentados anteriormente ou ficaram para Jonah e Miguel. Estes dois acabam desenvolvendo uma grande amizade com base nas situações que passam na superfície, enquanto Lara está na caverna.
Diversos níveis abaixo do que a Trinity havia explorado, Lara encontra glifos e murais intactos (todos os outros pareciam ter sido modificados nos últimos séculos, enquanto os murais provavelmente já estavam ali há mais de dois mil anos) que a ajudam a resolver a dita charada que Dominguez não conseguiu. O mural revela a seguinte mensagem, que Lara decifra posteriormente, no avião:
"No altar sagrado onde a chave abre a caixa, aquela que desencadeou a limpeza irá testemunhar sua culminação. O sacrifício máximo será solicitado e aceito."Ou seja, a mensagem secreta pouco tinha a ver com a cidade oculta, como ela desejara, mas se tratava de uma profecia sobre a mulher que teria tomado a adaga no Templo da Lua: ela mesma! O sacrifício máximo paira sobre sua consciência, mas ela decide que preferiria sacrificar sua própria vida à das coisas que têm valor para ela, como Jonah ou as memórias daquilo que já amou e perdeu (leia-se família).
A viagem foi uma decepção para Lara, mas tudo que passou na caverna, inclusive as decisões que tomou sobre como deveria matar cada um de seus inimigos (em algum momento, ela lembra do que Augur Ramile havia lhe dito) fez com que ela ficasse ainda mais confortável consigo mesma...
Enfim, não é o pior dos livros da série — dificilmente algo irá tomar essa honra de The Ten Thousand Immortals —, mas certamente não é dos melhores. Fora que, na abertura de Shadow, Jonah ainda está claramente chateado com Lara, então essa aventura, que reforça ainda mais os laços fraternais entre os dois, meio que contradiz isso. Ninguém está surpreso, mas é uma pena que não exista uma conexão mais firme entre as diferentes mídias.
PERRY, S. D.
Shadow of the Tomb Raider: Path of the Apocalypse Estados Unidos Titan Books 2018 288 páginas ISBN 9781785659911 |