Encerrada a leitura de The Lost Cult, obra de E. E. Knight, é hora de compartilhar pensamentos e notas que tomei ao longo das últimas três semanas. Devo dizer que, ao contrário de The Amulet of Power, achei a leitura aqui um tanto mais complicada e, honestamente, tediosa.
"Após destruir anos de sua pesquisa sobre o antigo culto dos Méne, o professor arqueólogo Frys é assassinado por um homicida desconhecido. Lara Croft sabe que seu colega deve ter esbarrado em um segredo perigoso — e alguém tomou sua vida para assegurar que este permaneceria nas sombras. Lara viaja para as misteriosas florestas nubladas no oriente do Peru, lar das ruínas Méne, e faz uma descoberta chocante: um grupo está tentando reviver o culto sinistro e seus métodos de controle mental. Um dos seguidores é a ex-amiga e falha aprendiz de Lara, a saqueadora de tumbas Ajay — e ela está determinada a ver Lara silenciada... permanentemente. Mas Lara, nunca disposta a fugir de um desafio, tem outros planos."
A história possui grandes ideias porém, ao meu ver, mal executadas. Eu não sou um crítico profissional e tampouco tenho o costume de ler, mas por diversas vezes tive a impressão que o autor sobredetalhava (neologia) cenas e objetos, com informações irrelevantes. Raramente acrescentavam algo sólido ‒ ou interessante ‒ à história.
Um ponto que me deixou, de certa forma, indignado foi a suposta morte do parceiro de Lara. Acho que sequer ocupou duas linhas, meramente informando que Lara se vingaria. Abrupta e superficialmente. Ficou evidente que ele não teria morrido ali, ainda mais considerando que, algumas páginas antes, Lara encontrava-se perdidamente apaixonada (sim) por esse personagem...
Locais cobertos nessa expedição incluem, novamente, a Ilha de Seicheles, a Ilha Maurício, Irlanda, Londres (onde Lara possui um escritório, Mayfair Croft Trust Offices), Peru e, finalmente, um atol no Pacífico, situado em algum local na linha do Trópico de Capricórnio.
O prólogo é uma aventura à parte, e, para bem ou para mal, parece ter saído diretamente de Missão: Impossível. Lara invade a mansão de um traficante de artefatos para recuperar relíquias em troca de ter sua ficha criminal (ainda era suspeita de ter assassinado Von Croy, afinal) zerada pela Interpol.
Depois, ela recebe informações do arqueólogo escocês Dr Stephen Frys, que havia trabalhado com Von Croy no passado sobre uma civilização que predatava outras, sobre a qual o mundo não estava pronto para saber. O professor é assassinado e as investigações acerca do culto The Méne ("the many", "os muitos") acabam sendo assessoradas por seu filho, o biólogo Alex Frys.
Junto à Lara está o norueguês Nils Bjorkstrom, vulgo Borg. Uma figura um tanto peculiar, já que o livro retrata ele como um praticante de esportes extremos que sofreu um acidente e perdeu seus membros superiores, mas que utiliza próteses mecânicas de alta tecnologia. Existem diversas piadas a la Exterminador do Futuro, mas, como ele é retratado como um homem grande, é ridículo imaginar certas cenas (como ele trocar uma de suas mãos por um gancho e usá-lo para içar-se até plataformas altas).
Nils era namorado de Alison Jane Harfleur, popularmente conhecida como Ajay. Colega de Lara Croft, era brilhante em química e literatura, e, após ser salva por Lara em uma expedição, acabou tornando-se discípula. Sempre foi obcecada com tudo o que se envolveu, e, quis o destino, acabou caindo na influência dos Méne. Curiosidade: ela é loira, de olhos azuis, usa o cabelo em trança, regatas, duas pistolas automáticas presas às pernas e óculos azuis. Doppelganger, muito?
Aliás, curiosidade bônus: a imagem acima não tem relação nenhuma (nenhuma mesmo) com o livro. Era uma campanha publicitária dos Biscoitos Nestlé São Luiz, veiculada nas revistas de videogames em idos dos anos 90. Eu a guardei porquê, bem, é bastante óbvio de onde tomou inspiração.
Voltando ao livro. Ajay estava trabalhando como arqueóloga in loco para os Méne, mas Nils tinha certeza de que ela havia sofrido alguma espécie de lavagem cerebral. Ele não estava completamente errado: o líder dos cultistas usava um cristal triangular capaz de forçar pensamentos em outras pessoas. Bem cedo o autor faz questão de mencionar que algumas pessoas possuem força de vontade o suficiente para não serem dominadas (spoiler: LC).
No fim das contas, no fundo da lagoa dentro do atol, o líder dos Méne consegue fazer o ritual para despertar o deus adormecido, uma aberração cheia de tentáculos capaz de projetar vozes dentro da cabeça das pessoas. Lara derrota a todos, enviando a criatura de volta às profundezas, e também destruindo os artefatos usados no ritual. Após um breve confronto com Ajay, a cúpula submarina onde se encontram cede e elas, assim como Borg e uma repórter sequestrada, partem numa fuga desenfreada para a superfície. Desesperada, Ajay parte do fundo até a superfície sem parar em nenhuma das câmaras de ar submersas, o que acaba lhe causando DCS e sua inevitável morte na superfície.
Enfim, o livro não é terrivelmente ruim; ele simplesmente não me engajou. Eu havia lido quando o adquiri, e, sinceramente, a única coisa da qual recordava era Ajay. Hoje, provavelmente partilharia da mesma impressão de quase dez anos atrás, de que ela é o aspecto mais intrigante do livro.
Enfim, o livro não é terrivelmente ruim; ele simplesmente não me engajou. Eu havia lido quando o adquiri, e, sinceramente, a única coisa da qual recordava era Ajay. Hoje, provavelmente partilharia da mesma impressão de quase dez anos atrás, de que ela é o aspecto mais intrigante do livro.
A quantidade de referências cruzadas é palpável, chega a ser difícil não percebê-las no decorrer da história (embora, sim, difícil considerá-las relevantes): Larson e Pierre; o Strahov; a Lança do Destino; Marco Bartoli; a mochila encontrada em Angkor Wat etc. O legal é que, além dos jogos, também existem menções à biografia original de Lara Croft ‒ torradas com feijão; uma capa de revista detalhando sua travessia a jipe do Alasca até a Terra do Fogo ‒, aos filmes ‒ como Lara mencionar já ter feito BASE jumping do topo de um arranha-céus chinês ‒ e ao livro anterior, como os Mahdistas e Malcolm Oliver.
Em determinado momento, salvo engano em uma entrevista com a tal repórter, Lara declara não gostar da denominação "Tomb Raider" e que prefere se ver como uma versão do século XXI de Walter Raleigh.
As armas de Lara são Heckler & Koch USP Match .45 customizadas, agora também acompanhadas de um protótipo de sistema militar denominado VADS: Variable Ammunition Delivery System. Uma pochete carregada com seis tipos diferentes de munição, acionada por comandos de voz.
Ao dispor de Lara, estão cápsulas explosivas (Nitro); de tinta fosforescente para iluminar ambientes escuros (Lumen); incendiárias (Pyro); de borracha (Rubber); perfurantes para alvos reforçados (Armor); e, por fim, dardos para alvos macios (Fléchette). Lara pode optar por uma combinação de qualquer delas, mas, por garantia, também carrega pentes convencionais para a eventualidade de uma falha no sistema.
E, para encerrar, Lara possui um papagaio-cinzento chamado Sir Garnet.
KNIGHT, E. E.
Lara Croft: Tomb Raider - The Lost Cult Estados Unidos Del Rey Books 2004 310 páginas ISBN 034546172X |