Em minha recente viagem de descoberta do mundo (leia-se: Florianópolis), tive
a oportunidade para folhear o livro
1001 Videogames para Jogar Antes de Morrer, de autoria do jornalista
Tony Mott, e que foi
lançado no Brasil
em agosto de 2013 através da editora Sextante.
O volume, maciço com quase 1000 páginas, faz um compilado por décadas dos
jogos memoráveis da indústria, e inclui três títulos da saga
Tomb Raider em sua seleção. Dentre os estúdios Core
Design e Crystal Dynamics, existe apenas um quarto título que não seja de
nossa garota: o questionável Free Running, o que pode colocar em cheque muitos dos
jogos nessa listagem.
Transcrevi os parágrafos relevantes para compartilhar aqui no blog
Raider Daze:
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Tomb Raider | 1996 | Core Design | Ação
É fácil demais apontar que o sucesso inicial de Tomb Raider se deve ao
improvável corpo da heroína, a exploradora Lara Croft; mas, na verdade, o sexo
já tinha sido usado para vender games – com resultados duvidosos – algum tempo
antes do lançamento desse jogo, em meados dos anos 1990. Tomb Raider foi
bem-sucedido porque é simplesmente um maravilhoso jogo de plataforma com uma
sensação real de aventura. É um clássico que define uma era e que fez muito
para introduzir os saltos e corridas ao mundo tridimensional, usando um tipo
de complexidade que muitos jogos bidimensionais não conseguiram incorporar.
A riquinha Croft é um Indiana Jones moderno, uma aventureira experiente que
gosta de motos, roupas justas e atirar em espécies em extinção. Apesar de sair
para suas aventuras com uma arma presa às coxas, na verdade Tomb Raider sempre
teve mais a ver com a exploração do que com aniquilar os inimigos. Isso é bom,
porque o sistema de tiro é bastante primitivo. Em vez disso, as missões de
Croft para localizar misteriosos artefatos se passam em grandes espaços
subterrâneos, onde equipamentos antigos precisam voltar à vida e os segredos
estão em todos os cantos.
A primeira versão é supostamente a melhor – uma viagem rápida com florestas,
esfinges egípcias e as assustadoras pirâmides de Atlantis. Distinto o
suficiente com seus ambientes exuberantes para garantir que nada fosse igual
em seu tempo, esta série tem sido incansavelmente copiada desde o lançamento –
mas nunca foi superada. Apesar de Croft ter contribuído um pouco para a fama
do jogo – fazendo-o figurar na capa da revista Fame – na verdade, o
criador Toby Gard e sua equipe são os verdadeiros heróis dessas histórias
lendárias. [por Christian Donlan]
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Tomb Raider Legend | 2006 | Crystal Dynamics | Ação/Aventura
É uma Lara Croft mais irritada e mais natural que entra numa cobertura em
Tóquio em Tomb Raider Legend, andando desconfortavelmente com um vestido até
que armas são sacadas, barras são levantadas, costuras são rasgadas e coldres
são revelados. A perseguição subsequente envolve se pendurar entre mastros de
bandeira rua acima, saltar de um telhado em uma motocicleta Ducati Superbike
999, andaimes que caem, barreiras laser, cães de guarda, armas automáticas e
um resgate de helicóptero.
Se parece muito uma ideia americana do que Tomb Raider deveria ser, é porque
é. Além disso, é exatamente o que tinha que ser. O estilo britânico, melhor
representado por painéis de madeira em carros clássicos, era a última coisa de
que se precisava depois do turbulento The Angel of Darkness, jogo da série
influenciado por James Bond. Com controles pesados, combate lento, performance
pobre e abundância de falhas, a série foi deixada em descompasso com jogos
como Prince of Persia: The Sands of Time. Então a Eidos voltou-se para a
Crystal Dynamics, de São Francisco, famosa por sua avançada série Legacy of
Kain, para recomeçar tudo do zero.
Abrindo com um flashback da morte da mãe de Lara em um templo himalaio, Tomb
Raider Legend é exibicionista. Quer mostrar o quanto melhorou. Quando não está
vivendo sua rotina de filmes de ação, está bifurcando uma queda d'água gigante
para revelar um templo ganense, invadindo um centro de pesquisa administrado
pela KGB e trocando tiros em meio a bolas de feno com mercenários peruanos.
O melhor de tudo é a missão independente na Mansão Croft, uma caça ao tesouro
única em que Lara invade a própria casa, quebrando paredes para encontrar
passagens secretas e depois vai à sala de ginástica para alguns desafios
contra o relógio. Com movimentos que finalmente podem ser feitos por instinto,
em vez de tentativa e erro, trata-se de uma aventura que até mesmo a sequência
da própria Crystal, Tomb Raider Underworld, teria dificuldade em acompanhar.
[por Duncan Harris]
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Tomb Raider Underworld | 2008 | Crystal Dynamics | Ação/Aventura
Depois da releitura elegante e atual de Legend, com os arranha-céus de Tóquio
e as bases militares da Guerra Fria, e depois do extravagante agrado aos fãs
em Anniversary, que refez o Tomb Raider original utilizando o novo e
assombroso processador da Crystal Dynamics, Tomb Raider Underworld parece uma
oportuna reinvenção de algumas das mais antigas ideias da série. Distante da
civilização moderna na maior parte do tempo, Lara Croft – ainda com a
maravilhosa voz de Keeley Hawes – explora uma variedade de complexos templos
desmoronados, espalhados em toda parte, desde a costa da Tailândia até a
América Central, atrás de um supermito nórdico que poderia ser a ligação entre
muitos dos maiores segredos do mundo antigo, ao mesmo tempo que dá uma
conclusão ao enredo cada vez mais complexo de Legend.
Depois das velozes fases do primeiro jogo da Crystal Dynamics, Tomb Raider
Underworld pode a princípio abalar os jogadores com um choque de antiguidade:
suas fases são imensas, em geral apresentando enigmas capazes de mantê-lo
ocupado por horas e há uma fase de complexidade mesmo no menor dos ambientes
que dá a sensação de você está realmente voltando a explorar o desconhecido. A
motocicleta de Lara retorna com mais recursos do que nas seções
on-rail de tiros que interrompiam Legend. Alguns dos antigos inimigos
também estão de volta, enquanto a trama épica envolvendo o desaparecimento da
mãe de Lara se encerra definitivamente.
Com pontos altos que incluem um item que permite que Lara movimente imensos
objetos e uma fuga fantástica de um navio-tanque afundando, Tomb Raider
Underworld tem espetáculo suficiente para se equiparar a seus antecessores.
Embora alguns jogadores acreditem que o final pareça um tanto apressado, dois
episódios curtos mas excelentes, disponíveis para download, finalizam a
experiência com perfeição. [por Christian Donlan]