terça-feira, 18 de agosto de 2020

Impressões da beta de Marvel's Avengers

Acredito que a Crystal Dynamics encara o maior desafio de sua trajetória com Marvel's Avengers. Não apenas eles têm que acompanhar os enormes passos do absurdamente popular Universo Cinematográfico da Marvel (também conhecido como MCU), eles também precisam honrar um legado de mais de 80 anos de histórias em quadrinhos.

Com o lançamento marcado para 4 de setembro, em pouco mais que duas semanas, o estúdio está atualmente realizando testes da versão beta. O cronograma é bem particionado, mas eu pude conferir pessoalmente a beta pública ocorrida no último final de semana e pensei que seria interessante compartilhar minhas impressões por aqui (mas não, esse jogo não supre nossa abstinência por mais Tomb Raider).

A beta vai muito além de testar servidores com missões públicas, servindo essencialmente como uma versão de demonstração do jogo. Após a missão introdutória que inicia a história do jogo, jogamos uma missão com Kamala Khan e Bruce Banner em busca de vestígios do que um dia já foram os Vingadores e, posteriormente, chegamos a uma mesa de planejamento onde as próximas missões podem ser selecionadas.

Essas missões iniciais fazem com que você jogue um pouco com cada um dos heróis, permitindo que veja com qual mais se identifique. Como cada herói possui características individuais, é grotesco dizer que são "todos iguais" ou mesmo parecidos. Os comandos básicos são, sim, bastante semelhantes entre si, e talvez na hora da pancadaria a sua escolha não seja tão crucial, mas eleger um favorito não é difícil graças à grande variedade de habilidades e ataques.

Em meu caso, julguem ou rotulem como quiserem, mas eu me diverti bastante jogando como Miss Marvel, o alterego de Kamala que é uma personagem relativamente nova no universo Marvel. Não apenas pela jogabilidade, mas também fui cativado pela própria personalidade da garota, que é fã de carteirinha dos Vingadores e está deslumbrada pela experiência de estar lado a lado com Hulk ou de poder passear pelo quartel-general dos heróis.

Todos os fatores indicavam que a Viúva Negra seria a escolha óbvia para todo e qualquer fã de TR, e apesar de ter gostado de seus ataques dinâmicos e velozes, repletos de equipamentos como um gancho e pistolas duplas (já falarei sobre isso), senti a falta de um je ne sais quoi nela. Talvez uma força mais bruta para lidar com mobs?

Quanto ao jogo em si, que é o primeiro título do estúdio que será oferecido como "serviço", ainda estou um pouco cético. Vejo muito potencial, mas temo que será um jogo bastante superficial, mesmo repleto de mecânicas como árvores de habilidades e equipamentos com classificação de poder. Aliás, a tela de equipamentos lembra bastante Assassin's Creed Origins e Odyssey, com a possibilidade de incrementar suas estatísticas com recursos coletados pelo cenário.

Além de cenários lineares, joguei ao menos dois mapas abertos e repletos de áreas para explorar. Um recurso similar ao instinto de sobrevivência te guia ao objetivo principal, mas existem baús com equipamentos e colecionáveis que instigam a exploração. Se mais de um jogador estiver na partida, os espólios não são compartilhados mas cada jogador pode (e deve) abrir o baú por si. É uma mecânica bem-vinda, mas como o jogo favorece a pancadaria, imagino que uma grande parcela dos jogadores irá ignorar completamente esses objetivos secundários, talvez até mesmo deixando para trás aqueles que não acompanharem o ritmo deles.

E sobre a pancadaria, é possível resumir em uma única palavra: caos. Como quatro heróis sempre estão presentes, sejam eles jogadores ou IA, os mobs contêm dezenas de inimigos por onda, e com tantos efeitos visuais dos ataques se desencadeando simultaneamente na tela, é difícil acompanhar o que está acontecendo. O sistema de combos pode ser levemente aprofundado através da árvore de habilidades conforme você progride no jogo, mas você involuntariamente acaba repetindo os mesmos ataques nesses momentos em que a tela está bem ocupada.

Por falar em progressão, o jogo conta com desafios diários e semanais que rendem pontos para seu herói. Uma trilha inteira de progressão depende desses pontos, servindo para destravar recursos, placas e trajes exclusivos do herói selecionado. Eu particularmente achei isso sensacional e certamente vou completar ao menos uma dessas trilhas, quando estiver com o jogo completo em mãos num futuro indeterminado.

Meu maior interesse em conferir esse jogo era especular o quanto dele poderia "respingar" num potencial TR futuro. A jogabilidade da Viúva Negra está longe do que eu gostaria de ver para Lara Croft, mas talvez as pistolas duplas possam ser incorporadas de forma similar e expandidas a partir desse ponto. Vale notar que em Avengers não existe "stealth" — a jogabilidade tem foco total na ofensiva —, mas você logo percebe que não irá muito longe tentando usar apenas as pistolas.

Acredito que a Crystal esteja usando uma versão atualizada de sua própria engine, então em termos de gráficos o próximo jogo deve manter o mesmo nível, dependendo apenas da direção artística pela qual optarem. Pessoalmente, eu acho os modelos dos personagens em Avengers muito bons, mesmo os dos heróis para os quais muitos torceram o nariz. E nenhum deles possui o excesso de franjas que Lara carrega na cabeça desde Rise...

Para encerrar, gostaria de deixar em registro que joguei entre 6 e 8 horas dessa beta, tentando conciliar com diversos outros jogos paralelamente, mas certamente vou somar mais algumas horas na última etapa da beta, que ocorre entre 21 e 23 de agosto. Será uma etapa pública da beta em todas plataformas, então, se você tiver curiosidade, não deixe a oportunidade passar.