Angel of Darkness é um caso curioso. Apesar de ser um jogo
  notoriamente incompleto, com cenários vazios e mecânicas pouco funcionais, de
  alguma forma ou outra angariou uma peculiar parcela de fãs que o consideram um
  clássico de culto. Jamais vou entender como uma Lara Croft, descendente da
  alta classe inglesa, que perambula os becos de Paris sendo rude e malcriada
  com pessoas que sequer conhece poderia ser considerada a "melhor versão" da
  personagem, mas estou divagando.
  No passado, eu disse que AOD merecia um pouco de mérito por
  tentar trazer uma abordagem narrativa mais envolvente para uma franquia onde
  até então as histórias eram desculpas superficiais para colocar a protagonista
  em diferentes locais, sem a necessidade de pretexto adicional. Revisitando o
  jogo para fins de análise com IV-VI Remastered, mesmo essa observação eu me obrigo a retirar, pois a história não flui de
  forma aceitável e o desenrolar dos diálogos é questionável, na melhor das
  hipóteses.
  Dito isso, suspeito que as pessoas gostam de AOD não pelo que é,
  mas sim pelo que ele poderia ter sido. Na linha do "e se..."
  muitas coisas diferentes poderiam ter acontecido com nossa franquia, tanto
  quanto com nossas próprias vidas particulares. Esse trailer conceitual,
  encontrado por uma das coordenadoras de comunidade da franquia, não é muito
  diferente do original, mas mostra algunas cenas extras — cenas que talvez
  façam alusão ao Castelo Kriegler, na Alemanha, que teria sido cortado do jogo
  original e reservado para uma continuação que nunca tomou forma. 
  Gostaria eu de ter tempo e criatividade suficiente para articular sobre os "e
  ses..." que a franquia já nos deixou. E se Lara tivesse deixado o Scion para
  Natla? E se Lara apunhalasse a Adaga de Xian em seu próprio coração? E se Seth
  tivesse possuído o corpo de Lara, ao invés do de Von Croy? As possibilidades
  são virtualmente infinitas.