Project Eden é um dos pouquíssimos jogos que eu
comprei no lançamento
por conta de publicidade. Quando foi lançado em 2001, o marketing do jogo
colocava bastante ênfase no fato que era um novo produto da equipe que havia
criado os dois primeiros jogos da série Tomb Raider. Em território nacional, a GreenLeaf, então representante local da
Eidos, também usou essa abordagem.
Embora eu ainda possua a versão original e bem conservada, eu estava com
dificuldades em seguir com a sua instalação em meu sistema atual. A solução
veio na forma de uma segunda aquisição do jogo, desta vez em formato digital,
disponível na plataforma GOG por um preço simbólico. Acredito que esse era um
dos jogos mais importantes a se jogar para alimentar o marcador
Softografia
aqui no meu blog, e foi a primeira vez que revisitei o jogo nesses mais de 20
anos desde seu lançamento.
Para contextualizar um pouco melhor, este foi o primeiro jogo do estúdio
lançado para PlayStation 2 e usa uma versão aprimorada do editor de níveis que
conhecemos — você pode conferir algumas imagens do editor no site
Core Design Tribute. Mas não se deixe enganar, não existem semelhanças entre os jogos e ele era
(muito) melhor em minhas lembranças do que na realidade. Vale notar que as
poucas análises agregadas no Metacritic
são mistas, mas a média é favorável.
A ambientação por si traz uma abordagem bem única e distópica: a
superpopulação no planeta forçou a civilização a construir cidades sobre
cidades, resultando em verdadeiras colmeias humanas. O ar puro e a luz solar
se tornaram privilégio dos ricos, enquanto que os níveis inferiores ficaram
para os menos afortunados. Esses níveis, considerados abandonados, são
visitados por equipes de engenharia apenas para verificar se a fundação das
megacidades está em ordem.
A Agência de Proteção Urbana (UPA) é acionada quando todos os sistemas de uma
fábrica de carne sintética param de funcionar simultaneamente e os engenheiros
enviados para os reparos desaparecem. Aos poucos a história progressivamente
muda de foco: um dos engenheiros biólogos da tal fábrica roubava equipamentos
para experimentos próprios e a equipe descobre que ele é o pai de Minoko,
integrante da equipe, com quem ela perdeu contato há mais de quinze
anos.
Os residentes desses níveis mais pobres começam a sofrer mutações genéticas e
cibernéticas sem explicação. Chegando no nível mais baixo das profundezas,
ironicamente chamado de Éden, a equipe descobre que o pai de Minoko estava
tentando salvar a vida de sua outra filha e, como o seu corpo estava
rapidamente se deteriorando, ele fez upload de sua consciência para um
computador. Como resultado, a "menina" se espalhou por toda a rede em busca de
um novo corpo perfeito para ser seu novo hospedeiro, alguém que compartilhasse
um DNA compatível, ou seja, sua irmã há tanto tempo perdida...
Você assume o controle simultâneo e paralelo de quatro personagens da UPA:
Carter é o líder do esquadrão e chefe de segurança, possuindo credenciais para
abrir portas de pontos de controle e interrogar NPCs; Minoko pode hackear
sistemas de segurança, como câmeras e portas; Andre pode consertar
equipamentos quebrados; e, por fim, Amber, mais máquina do que mulher, pode
passar ilesa por ameaças ambientais, como fogo e gases tóxicos. Em muitos
casos é necessário deixar um personagem segurando um painel para que os demais
personagens consigam realizar ações adicionais para avançar.
Todos os personagens possuem acesso a drones, tanto terrestres como voadores,
para explorar túneis de ventilação ou acionar botões fora do alcance. Como a
movimentação dos personagens é bastante restrita, sem a possibilidade de
saltar sobre pequenos buracos, por exemplo, essas ferramentas surgem como uma
alternativa para navegar os cenários de forma um pouco menos convencional.
Você pode acionar os drones a qualquer momento, mas normalmente quando chega
em uma área aparentemente sem saída certamente irá perceber uma pequena
abertura na sala perfeita para seus brinquedos.
Apesar de que cada personagem possua uma atribuição própria, na prática isso
apenas significa que para avançar em certos momentos será necessário deslocar
um personagem específico para interagir com determinado objeto. Mesmo assim,
de forma não-irônica, a Core estava na vanguarda da indústria com esse
conceito: jogos cooperativos com fundações similares se tornaram bastante
populares com facilidades de jogatina online introduzidas na geração seguinte
de consoles (ou seja, Xbox 360 e PlayStation 3).
Outro exemplo se dá pela forma que os personagens ressurgem após morrer: os
checkpoints do jogo são chamados de "regen station", e quando um personagem
morre, um túnel de luz o teleporta para o último checkpoint onde o corpo é
literalmente regenerado. Esse é um sistema comum em jogos cooperativos online:
Borderlands, que veio oito anos mais tarde, faz isso de forma idêntica.
Para jogadores solitários, controlar quatro personagens significa que você
sempre terá três deles parados. Existem apenas dois comandos que você pode
disparar para os outros membros da equipe, "sigam-me" e "parem", e a
inteligência artificial não é particularmente boa em seguir o caminho que você
trilha, então muitas vezes você precisa repetir o mesmo trajeto com cada
personagem para que todos cheguem ao destino desejado. Os personagens
controlados pela IA também não parecem saber o que fazer durante o combate,
geralmente morrendo com facilidade no processo.
Fora isso, é notável que o estúdio enfrentava problemas em acompanhar os
avanços da indústria como um todo. As animações dos personagens (inclusive cenas em
computação gráfica, confira abaixo) são rígidas e truncadas; o jogo dá
pouquíssimas dicas de como avançar e, em muitas ocasiões, é difícil prever o que
os designers esperam que você faça; e o sistema de combate é muito raso — e
infelizmente acaba se tornando um fator cada vez mais frequente conforme você
avança na campanha.
A campanha é composta por onze níveis, todos bastante extensos, especialmente
se você decidir encarar o jogo sem ajuda. Lá pelo quinto ou sexto nível, eu
desencanei e decidi recorrer a um detonado para me guiar pelo restante da
jornada; exatamente como eu havia feito a primeira vez que havia terminado o
jogo décadas atrás. O "desafio" por si não é o único problema, afinal todos temos
inúmeras outras tarefas e responsabilidades para conciliar no cotidiano. Mesmo
assim, levei cerca de 15 horas para finalizar a aventura.
De forma geral, é um jogo dispensável, mas fãs fervorosos do estúdio talvez encontrem algo aqui.
Executar como administrador usando GOG Galaxy Para fins de registro apenas, é necessário executar o jogo como administrador para que ele funcione corretamente. Para fazer isso usando o aplicativo GOG Galaxy, abra o menu de opções e escolha Gerenciar Instalação → Configurar... Na próxima tela, vá para aba Recursos e insira a linha a seguir no campo Argumentos:
runas /user:%ComputerName%\Administrator
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