Demorou, muito mais do que eu gostaria, é verdade, mas finalmente surgiu uma
oportunidade para conferir a Mansão Croft através de lentes de realidade
virtual em Rise of the Tomb Raider. O DLC em questão foi lançado há quase sete anos, mas
admito que fiquei bastante impressionado com o que experienciei.
Até o momento, Blood Ties é uma das pouquíssimas formas de
experimentar a franquia em realidade virtual (a outra sendo
Lara's Escape), e isso pode ser visto tanto como algo bom quanto ruim. É uma tecnologia
notoriamente cara, o quê resulta num grau de acessibilidade baixíssimo. Eu
mesmo não tenho interesse em possuir um, mas quando familiares
fizeram a aquisição do Oculus Quest 2, o primeiro pensamento em minha cabeça
foi egoisticamente este DLC.
Possuir o Oculus não era o bastante, já que nenhum dos computadores na família
era poderoso o suficiente para oferecer suporte a ele, mas cerca de um ano
depois finalmente as estrelas se alinharam. Passei a melhor parte do dia de
ontem conferindo este DLC e outros jogos (nominalmente, Batman: Arkham VR e a
demo de Tomb Explorer VR), e devo dizer que a tecnologia é simultaneamente
genial e grotesca.
No caso de Rise, logo ao iniciar o jogo em realidade virtual a própria área do
apartamento existente na tela de menu pode ser observada em 360º, em primeira
pessoa. Um toque sutil, mas fenomenal. Pelo que entendo, a maior parte de
jogos no gênero oferecem dois modos de controle: um "conforto" no qual você mira e
teleporta seu personagem para outra área, e o "livre", onde você caminha
livremente pelo cenário usando o controle direcional analógico, como faz hoje
em jogos convencionais.
De início, me julguei bom o suficiente para encarar o modo livre, mesmo com o
jogo insistindo e recomendando o modo conforto ao invés. Aguentei menos de cinco minutos. A sensação de
movimento sendo alimentada diretamente aos seus olhos, com seu corpo inerte,
realmente causa enjôos terríveis. Ficar teleportando pelos cantos da casa,
curiosamente, parece algo mais natural e permite que você dedique sua atenção
aos detalhes.
E ponha detalhes nisso. Como o jogo por padrão é em terceira pessoa, a câmera
sempre mantém nossa aventureira em foco. Neste modo, não apenas você está em
primeira pessoa, mas consegue se posicionar em diferentes ângulos para
apreciar todos os detalhes existentes nos cenários. Um exemplo bobo: você pode
se aproximar da janela e olhar para fora; fiquei uns bons segundos observando
a chuva, quase que num transe, mesmo que não existisse uma paisagem especial
ali.
Uma dificuldade que tive foram os controles. Teleportar é fácil o suficiente,
mas embora a posição de destino estivesse na direção correta, eu parecia
sempre surgir ao contrário (é possível alterar o campo de visão girando a
cabeça ou simplesmente usando os gatilhos dos controles). Sempre que coletava
algum colecionável — e quem jogou sabe que são inúmeros —, eles nunca estavam
diretamente a minha frente, sendo necessário girar a cabeça para encontrá-los.
Até mesmo manusear eles era um tanto quanto contra-intuitivo, sendo necessário
usar o análogico direito pois o sensor de movimento parecia estar invertido. É
difícil explicar em termos, mas me pareceu ruim.
Eu não conferi o DLC até o fim, mas é essencialmente a mesma aventura que
todos já conhecemos. Apesar de não ter entrado na cripta, eu fui positivamente surpreendido por todos os demais aposentos, desde o escritório
de Richard, a biblioteca, os ratos na adega, o salão principal, e o ateliê de
Amelia. A sensação de "estar lá" é bem convincente.
Reforço que é um conteúdo de 2016 e certamente jogos mais recentes devem
oferecer experiências mais refinadas aos usuários. Qualquer que seja o caso,
como um modo extra e opcional achei deveras interessante, mas não sei como eu
me sentiria com um jogo completo exclusivamente focado em realidade virtual;
como eu disse lá no início, a dificuldade de acesso a essa tecnologia ainda é
um problema, e as limitações (especialmente humanas) me pareceram bem
importunas...